Não há dias sem três…
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Sonhos 13.0
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Sonhos 12.0
Já valeu a pena ter faltado ao treino e ter ficado na ronha. Sabes, aqueles minutinhos que te vai fazer falta depois mas que aproveitas para ficar na cama?!. Pois, esses mesmos, foram os suficientes para sonhar contigo! É que bela forma de começar a véspera do dia dos namorados (quanta ironia…)
Era estranho o sonho. Na verdade acho que todos os meus sonhos são estranhos 😅
Andava a fugir de alguém mas não sei o motivo. Escondi-me na Hall de entrada do meu antigo prédio. Mas não foi o suficiente para não ser vista. Apanharam-me. Deram conta que era ali que eu estava escondida. Mas o inesperado aconteceu… Sem que eu me tenha apercebido do que realmente aconteceu, a maré de pessoas que se encontrava na rua, começou a correr para dentro daqueles prédios. O perigo era eminente. Se estavam a entrar por ali adentro e a fugir para a cave tinha de lhes seguir as pesadas. E assim comecei eu a descer o prédio. Mas, por excesso de pânico, ou eles por euforia, a distância que nos separava nessa fuga, foi cada vez maior até que deixei de conseguir ver as pessoas e continuava simplesmente a descer andares que nem sabia que o prédio tinha.
Até que… Entrei num espaço completamente diferente. Tinha bastantes divisões. Parecia aqueles sítios onde se leem cartas e há bruxarias. Fui completamente apanhada desprevenida. Entrei em várias divisões e o que encontrava era sempre coisas desse género. Estava a ficar frustrada. Não encontrava as pessoas que comigo tinham descido todas aquelas escadas do prédio.
Até que, numa divisão que era mais familiar, algo parecido a uma vinha e saía de refeições lá estavas tu. Não sei o que estavas a fazer mas eu não dei logo contigo.
To be continued…
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
E. L. - A Dama Negra
- Porquê?
- Porque é uma perda de tempo e é estupidez. E, francamente, embora eu goste dela, acho que não vale a pena.
- Eu amava-a - murmurou ele, vendo o uísque rodopiar antes de o beber. - Dei-lhe o melhor de mim.
- Alguma vez consideraste a hipótese de ela não ter dado o melhor? Que talvez tenha sido ela a não estar à altura?
Andrew observou Miranda por cima da borda do copo. - Não.
- Talvez devesses. Ou talvez devesses considerar que o melhor que tinhas e o melhor que ela tinha não equivalessem ao melhor dos dois juntos. Há muitos casamentos que falham. As pessoas acabam por ultrapassar a situação.
Ele olhou para a bebida, observando a luz tremeluzir através do copo. - Talvez se não ultrapassassem isso tão facilmente, os casamentos não fracassassem tantas vezes.
- E talvez se as pessoas não fingissem que o amor é que faz girar o mundo, escolhessem os seus companheiros com mais cuidado.
- É o amor que faz girar o mundo, Miranda. É por isso que o mundo está de pernas para o ar.
sábado, 1 de fevereiro de 2025
E. L. - Isto acaba aqui
“Querida Ellen,
Olá. Sou eu. A Lily Bloom. Bem… na verdade, agora sou Lily Kincaid.
Sei que passou muito tempo desde que te escrevi pela última vez. Muito tempo mesmo. Depois de tudo o que aconteceu com o Atlas, fui incapaz de voltar a abrir os diários. Nem sequer conseguia assistir ao teu programa depois de vir da escola, pois vê-lo sozinha era algo doloroso. Na verdade, tudo o que me fazia lembrar de ti deixava-me como que deprimida. Quando pensava em ti, pensava no Atlas. E, honestamente, não queria pensar no Atlas, por isso tive também de te afastar da minha vida.
Peço desculpa por isso. Tenho a certeza de que não sentiste a minha falta como eu senti a tua, mas por vezes as coisas que são para nós mais importantes são também aquelas que mais nos magoam. Assim, para ultrapassar essa mágoa, há que cortar todas as extensões que nos mantêm ligados a essa dor. Eras uma extensão da minha dor, portanto creio ser isso o que estava a fazer: tentava apenas poupar-me a mais agonia.
Tenho a certeza, porém, de que o teu programa continua fantástico como sempre. Ouvi dizer que continuas a dançar no início de alguns episódios, mas passei a apreciá-lo. Creio que esse será um dos principais sinais de que alguém conquistou maturidade - o saber apreciar as coisas que são importantes para outros, mesmo que não sejam muito importantes para nós.
Talvez devesse pôr-te ao corrente do que tem sido a minha vida. O meu pai morreu. Tenho 24 anos. Tenho uma licenciatura, trabalhei em marketing durante algum tempo, e agora possuo o meu próprio negócio. Uma florista. Vivam os projetos de vida!
Também tenho um marido, e não é o Atlas.
E… vivo em Boston.
Eu sei, não estavas à espera desta.
A última vez que te escrevi tinha 16 anos. Não estava mesmo nada bem e estava muito preocupada com o Atlas. Já não estou preocupada com o Atlas, mas neste momento não estou mesmo nada bem. Ainda menos do que quando te escrevi pela última vez.
Desculpa por não parecer precisar de te escrever quando as coisas me correm bem. Parece que só tens de lidar com as fases mais merdosas da minha vida, mas é para isso que servem os amigos, certo?
Nem sei por onde começar. Sei que não sabes nada a respeito da minha vida atual ou do meu marido, o Ryle. Há uma coisa que costumamos fazer: quando um de nós diz “verdade nua e crua”, somos forçados a ser brutalmente honestos e dizer aquilo em que realmente estamos a pensar.
Por isso… verdade nua e crua.
Prepara-te.
Estou apaixonada por um homem que me maltrata fisicamente. De entre todas as pessoas, não faço a mais pequena ideia de como me deixei chegar a este ponto.
Quando era mais nova, houve muitas alturas em que me questionei sobre o que estaria a passar pela cabeça da minha mãe nos dias a seguir àqueles em que o meu pai a magoava. Perguntava-me como poderia ela amar um homem que a agredira. Um homem que por diversas vezes lhe batera. Que por diversas vezes prometera que jamais voltaria a fazê-lo. E que por diversas vezes voltara a fazê-lo.
Detesto o facto de conseguir agora entender o que nessa altura lhe passava pela cabeça.
Há mais de quatro horas que estou sentado no sofá do Atlas, a debater-me com os meus sentimentos. Não sou capaz de exercer qualquer domínio sobre eles. Não sou capaz de os entender. Não sei como os processar. E, tal como me aconteceu no passado, apercebi-me de que talvez precisasse de os pôr no papel. Peço-te desculpa, Ellen, mas prepara-te para um enorme vomito de palavras.
Se tivesse de comparar este sentimento a alguma coisa, compará-lo-ia à morte. Não é simplesmente a morte de alguém. Mas a morte daquela pessoa especial. A pessoa que te é mais próxima do que qualquer outra no mundo inteiro. A pessoa que, quando simplesmente a imaginas morta, faz com que os teus olhos se encham de lágrimas.
É assim que me sinto. Sinto-me como se o Ryle tivesse morrido.
É uma quantidade astronómica de sofrimento. Uma quantidade enorme de dor. É uma sensação de ter perdido o meu melhor amigo, o meu amante, o meu marido, a minha tábua de salvação. No entanto, a diferença entre este sentimento e a morte é que surge um outro sentimentos que não está necessariamente presente quando ocorre mesmo uma morte.
O ódio.
Estou tão zangada com ele, Ellen. As palavras são incapazes de exprimir todo o ódio que sinto em relação ao Ryle. E, no entanto, no meio de todo o ódio que sinto, há vagas de pensamentos conduzidos pela razão que fluem através de mim. Começo a pensar em coisas como “Eu é que não devia ter ficado com o íman. Devia logo de inicio ter-lhe falado do significado da tatuagem. Não devia ter ficado com os diários.”
Os pensamentos racionais são a parte mais difícil disto tudo. Consomem-me, pouco a pouco, desgastando a força que o ódio me confere. O pensamento racional forca-me a imaginar o nosso futuro em conjunto, e que há coisas que eu poderia fazer para evitar aquele tipo de ira. Nunca mais o trairei. Nunca mais esconderei segredos dele. Nunca mais lhe darei razões para reagir daquela maneira. A partir de agora teremos ambos de trabalhar nisto ainda com mais afinco.
Para o bem e para o mal, certo?
Sei que foram estes os pensamentos que em tempos ocuparam a cabeça da minha mãe. Porém, a diferença entre nós as duas é que ela tinha mais com que se preocupar. Não tinha a estabilidade financeira que eu tenho. Não tinha os recursos necessários para sair de casa e proporcionar-me aquilo que achava ser um lar digno. Estando eu habituada a viver com eles os dois, não queria afastar-me do meu pai. Tenho a sensação de que uma ou duas vezes estes raciocínios terão levado a melhor sobre ela.
Não sou sequer capaz de processar a ideia de que vou ter um filho com este homem. Há dentro de mim um ser humano que criámos juntos. E seja qual for a opção que eu tome - quer opte por ficar ou opte por ir embora - nenhuma das duas é uma escolha que deseje para o meu filho. Crescer num lar desfeito, em que são praticados abusos? Já falhei perante este bebé e ainda só sei da sua existência há um dia.
Ellen, gostaria que pudesses escrever-me de volta. Gostaria que pudesses responder-me qualquer coisa com piada, pois o meu coração bem precisa disso. Nunca me senti tão sozinha. Tão desfeita. Tão zangada. Tão magoada.
As pessoas que não estão no meio de situações como estas costumam questionar-se por que razão a mulher regressa para junto do abusador. Li em tempos, algures, que 85 por cento das mulheres regressam a situações em que estão expostas a abusos. Isso foi antes de me aperceber de que estava numa dessas situações, e, quando fiquei a saber dessa estatística, achei que era por as mulheres serem estúpidas. Achei que era por serem fracas. Por mais de uma vez, pensei tudo isso a respeito da minha própria mãe.
Por vezes, porém, a razão pela qual as mulheres regressam é estarem apaixonadas. Eu amo o meu marido, Ellen. Há muita coisa em relação a ele que adoro. Quem me dera que quebrar os laços que mantenho com a pessoa que me magoou fosse tão fácil como costumava julgar que seria. Impedir o coração de perdoar alguém que se ama é, na verdade, muito mais difícil do que simplesmente perdoar essa pessoa.
Vejo-me agora reduzida a uma estatística. As coisas que pensei acerca de mulheres como eu são agora aquilo que outrora pensarão de mim, se conhecerem a situação em que me encontro.
“Como pode ela amá-lo depois do que ele lhe fez? Como pode ela sequer contemplar a ideia de ideia de aceitá-lo de volta?”
É triste que sejam esses os primeiros pensamentos que nos ocorrem quando alguém é abusado. Não devia antes haver uma maior rejeição relativamente aos abusadores, mais do que em relação àqueles que continuam a amar esses abusadores?
Penso em todas as pessoas que, antes de mim, se viram nesta situação. Em todas as pessoas que, depois de mim, se verão nesta situação. Será que repetimos todos as mesmas palavras nas nossas cabeças nos dias a seguir a experimentar esse abuso às mãos daqueles que nos amam? “Deste dia em diante, para o bem e para o mal, para a riqueza e para a pobreza, para a saúde e para a doença, até que a morte nos separe.”
Talvez estes votos não devessem ser levados tão à letra como algumas pessoas os levam.
Para o bem, para o mal?
Que.
Se.
Foda.
Lily”