“Um dia”, disse-lhe ele num dos primeiros passeios, “hei-de levar-te de cavalo.”
“O quê? Tens um cavalo?”
“Não, mas hei-de ter.”
Amélia riu-se.
“Como os príncipes?”
“Isso.”
“E como vai ser o teu cavalo?”
“Veloz como a luz.” Mirou-a, divertido. “Que nome achas que lhe dê?”
“Será rápido, dizes tu?”
“Um campeão.”
Ela fitou o infinito, os olhos sonhadores.
“Chamar-se-á Relâmpago.”
Passou a viver para aquele passeio madrugador, de tal modo que o alvorecer se tornara o apogeu do dia. Vagueava nas aulas a relembrar o passeio dessa manhã e, quando se despediam no átrio do liceu e a mãe a vinha buscar, soltava-se-lhe a saudade, vagabunda no seu coração.”
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