Ela era muitas coisas. Era uma rapariga, segura, forte. Era
capaz de enfrentar o mundo com aquele andar triunfante, real e poderoso. Ela
tornava qualquer coisa na sua mente numa coisa completamente diferente. Nunca
vi quem viajasse como ela viajava no pensamento. Tudo o que fazia transpirava
magnificência. Quando andava, o cabelo saltitava pelos ombros. Ria-se
distraidamente e sorria para as pessoas que conhecia. Tinha uma postura de mulher, sentava-se no café e brincava com os cabelos, pegava na
chávena com as duas mãos para as aquecer e tapava a boca quando se ria
demasiado alto. Quando se penteava, o cheiro do seu champô inundava a casa de
banho e quando abraçava alguém, o seu cheiro ficava preso na roupa da outra
pessoa.
Mas ela não era sempre assim. Ainda me lembro de a
descrever como antes era. Insegura, diferente. Lembro-me a ver chorar num
canto, sentada no chão tentando não ser ouvida. Ela era muitas coisas.
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